As cotas para a importação de arroz do Mercosul e a necessidade de implantar a rotação de culturas nas propriedades arrozeiras foram assuntos que ganharam destaque durante o 4º Fórum do Arroz, realizado na tarde desta sexta, dia 22, no centro de eventos de Restinga Sêca, na Região Central do Rio Grande do Sul. O evento, que trouxe o tema Diversificação e irrigação: um novo olhar sobre o agronegócio, fez parte da 23ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz.
O secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Luis Fernando Mainardi, apontou para a necessidade de estabelecer uma pauta para a cadeia de arroz e garantiu que o primeiro passo deste processo é debater sobre um limite da quantidade de arroz importada de países vizinhos, como Uruguai, Argentina e Paraguai.
– Devemos fazer isso para que não haja mais superoferta do grão. Superoferta de milho e de soja vão para o mercado mundial, superoferta de arroz não se coloca no mercado com a mesma facilidade – sublinhou.
Mainardi alertou que é necessário calcular para produzir o que se consome no país, incluindo os números de importação e exportação. Para ele, manter a balança de oferta e demanda equilibrada com outros países é uma forma segura de garantir rentabilidade aos produtores brasileiros. Segundo o secretário, o Brasil consome 12 milhões de toneladas de arroz por ano, e a média de importação das nações do Mercosul é de 856 mil toneladas. Um índice ideal, no momento, para reduzir a superoferta, seria de uma cota de 800 mil toneladas. Ele afirmou que, além de beneficiar os rizicultores do país, a medida também pode garantir mais renda aos países vizinhos, que exportarão com preço melhor.
– Não vamos terminar com importação do Mercosul. O que podemos fazer é limitar a exportação desses países para o Brasil. A política de cotas também interessa aos vizinhos Uruguai, Paraguai e Argentina – enfatizou.
Sobre as políticas do Estado destinadas à agropecuária, o secretário destacou o programa Mais Água, Mais Renda, na esfera da irrigação, que subvenciona 30% de água para o pequeno e médio produtor e 12% para o grande produtor. Ele também falou sobre a necessidade de ter outras culturas para cobrir o prejuízo quando uma falha.
O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Claudio Pereira, citou alternativas que trazem rentabilidade aos produtores, como novas variedades de soja e outras tecnologias, e destacou a importância da diversificação e da integração entre lavoura e pecuária.
O debate, comandado pelo jornalista João Batista Olivi, também contou com a presença do presidente Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, do coordenador de Infraestrutura Rural, Logística da Produção e Agropecuária Irrigada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Demetrios Christofidis, e dos produtores rurais Valter José Pötter, de Dom Pedrito, e João Augusto Rubin, de Bagé.
Durante o encontro, foram apresentados dois modelos de propriedades de rizicultores gaúchos. Em ambos os casos, a rotação de culturas se refletiu em sucesso nas lavouras e na renda dos produtores. O agricultor Augusto Rubin, que cultiva o grão há mais de uma década, destacou que a diversificação é essencial:
– A rotação é fundamental para rentabildiade. Isso é indiscutível. O arrozeiro que não plantar soja, vai ter que plantar, queira ou não. Se não entrar nessa, tá fora de mercado, tá fora de tudo. Eu não vejo outra saída.
Ele acrescentou que, com a inclusão da plantação de soja, o custo de produção chegou a recuar em 25% na sua propriedade.
Irrigação
Demetrios Christofidis considerou que a diversificação de culturas permite uma produção maior e mais sustentável. Para o setor, ele levantou a importância de levar à presidente Dilma Rousseff questões como a necessidade de melhoria das condições do acesso ao crédito rural, a oferta de energia para áreas com possibilidade de irrigação e a facilitação da questão ambiental, ou seja, o licenciamento para a utilização de água em determinadas localidades.
Segundo ele, um objetivo a se traçar é o aumento da área irrigada do país, de cinco milhões de hectares para 10 milhões, no período de cinco anos. Ele afirmou que o Brasil tem possibilidade para irrigar 30 milhões de hectares.
– Um produto irrigado não só tem condições de oferecer garantia de comercialização no mercado globalizado como tem possibilidade de chegar ao mercado mais cedo, alcançar mercados nobres pela sazonalidade e dar retornos maiores – pontuou o coordenador.